O tratamento de sementes consiste na aplicação de defensivos químicos e/ou biológicos às sementes. O objetivo é suprimir, controlar ou afastar fungos, insetos ou outras pragas que atacam sementes, mudas e plantas.
É uma das Boas Práticas Agronômicas que deve ser adotada como um meio de prevenção desses ataques nas fases iniciais da lavoura. A técnica potencializa a genética da semente, contribuindo para a preservação da biotecnologia no campo.
Aliado a outras práticas, o tratamento de sementes pode garantir as safras recordes que o Brasil vem produzindo ano após ano. Com pouca necessidade de investimento, essa prática traz grandes benefícios.
O tratamento de sementes previne a entrada de pragas em áreas de cultivo e tem grande importância no desenvolvimento de plantas vigorosas e sadias. Essa prática protege a semente desde o contato inicial com o solo até o início do crescimento das plantas. Ou seja, a proteção ocorre antes, durante e depois da germinação.
Sendo assim, sementes que poderiam ser ameaçadas por doenças, pragas ou até interferências climáticas, conseguem crescer mais fortes, com germinação mais uniforme e com melhor enraizamento. Tudo isso é revertido em produtividade.
Considerando o Manejo de Resistência de Insetos (MRI), o tratamento de sementes auxilia no estabelecimento de plantas nas áreas de refúgio. Além disso, serve como diferente modo de ação para controle de pragas em áreas com cultura Bt na fase inicial de desenvolvimento da lavoura.
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Todo cuidado é pouco quando se deseja garantir a segurança das plantas contra pragas e doenças. Sem o tratamento adequado, as sementes podem disseminar pragas e doenças que afetam a lavoura, comprometendo a produção. Isso representa prejuízos no campo e, por consequência, na rentabilidade como um todo.
Além da proteção contra pragas e doenças, o tratamento de sementes com o produto adequado tem efeito na fisiologia da planta. Por exemplo, melhor enraizamento, arranque inicial mais rápido e germinação mais uniforme.
Basicamente, o tratamento de sementes é feito com fungicidas e inseticidas. Mas, além desses, outros produtos podem ser utilizados. São exemplos:
O tratamento das sementes pode ser feito de duas formas:na fazenda (on farm) ou na indústria (Tratamento de Industrial de Sementes -TIS). Em ambos os casos recomenda-se seguir as Boas Práticas de Tratamento de Sementes.
Caso realize o tratamento de sementes na fazenda, o produtor deve estar atento aos seguintes pontos:
As Fichas de Informações de Segurança de Produtos Químicos dão todas as informações sobre um produto químico. As FISPQ servem como base de rótulos, não podendo substituí-los. Veja abaixo algumas delas.
O tratamento industrial de sementes (TIS) faz parte das etapas do beneficiamento das sementes em diversas empresas. É um processo que consiste em aplicações automatizadas por meio de equipamentos de alta tecnologia.
Esse tratamento tem algumas vantagens em relação ao tratamento convencional (on farm):
De acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), no Brasil, apenas 40% do tratamento de sementes é realizado industrialmente. Mas segundo especialistas, esse número tende a aumentar, principalmente pela praticidade e segurança ao produtor.
Os benefícios do tratamento de sementes atingem a produção como um todo – do plantio à colheita. Dentre esses:
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O tratamento de sementes pode impedir disseminação de fungos causadores de doenças para novas áreas de cultivo. Além disso, evitam danos diretos causados por fungos, insetos e nematóides em sementes, raízes e plântulas durante a fase inicial das culturas.
As principais pragas e doenças de soja, milho e algodão que são controladas com essa prática podem ser:
As lagartas se alimentam do colo da planta, logo após a germinação. Existe também a praga conhecida popularmente como Coró, que são larvas de besouro que ficam embaixo do solo e vão se alimentar das raízes das plantas recém estabelecidas.
Além disso, com o tratamento de semente a planta pode ficar mais resistente ao ataque de nematóides, uma das principais pragas da soja, por exemplo. Ou seja, a planta consegue se desenvolver sem a necessidade de se utilizar um produto específico para o controle de nematoides.
São praticamente três grupos de doenças fúngicas relacionadas às sementes.
A semente já vem doente do campo de produção de sementes e vai transmitir a doença para o campo de produção de grãos. Na soja, no milho e no algodão, por exemplo, os principais fungos causadores de doenças que transmitidos via sementes são Cercospora spp., Fusarium spp. e Colletotrichum spp.
Nesse caso, a semente pode vir sadia do campo de produção de semente, mas durante o armazenamento podem ser afetadas por fungos que vão dar prejuízo em termos de germinação e vigor dessas sementes. Dentro desse grupo, os principais são o Penicillium spp. e Aspergillus spp.
Por exemplo, Rhizoctonia spp. e Pythium spp. Essas podem causar dano quando a planta ainda está na fase de muda e pode causar tombamento e perda de população ou estande e, consequentemente, produtividade.
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Fonte: ABRASEM, APPS, EMBRAPA, ISF, MAPA, SAA. Redação BOAS, janeiro de 2019.