O Sistema de Plantio Direto (SPD) é uma forma de manejo do solo que envolve técnicas recomendadas para aumentar a produtividade, conservando ou melhorando continuamente o ambiente de cultivo. Suas principais técnicas são:
Várias práticas e tecnologias usadas no campo oferecem soluções para alguns dos desafios atuais e futuros da agricultura. As práticas viabilizam a exploração de agrossistemas produtivos, com uso reduzido de defensivos agrícolas. O SPD é utilizado no Brasil desde a década de 1970 com excelentes resultados.
Sistema de plantio direto, agricultura de precisão e técnicas modernas e mais eficientes de irrigação e biotecnologia são exemplos. Essas tecnologias contribuem para manter e até aumentar a produção, sem promover o avanço do cultivo para novas áreas.
O plantio direto é composto por três técnicas: ausência ou mínimo revolvimento do solo, cobertura do solo com palhada e rotatividade de culturas. Entenda cada uma delas:
Não remexer ou mexer minimamente no solo é a base do plantio direto. O indicado por agrônomos é o revolvimento do solo apenas na linha de semeadura, onde são depositadas as sementes.
Revolvimento significa inverter as camadas do solo com o uso de arado para que o plantio seja feito.
Esse método do sistema convencional de plantio é muito usado em países de clima temperado e frio. Lá, o solo exposto a geadas e neve precisa receber calor pra ser cultivado.
O Brasil tem clima subtropical e tropical, ou seja, quente e úmido na maior parte das regiões. Por isso dispensa o revolvimento da terra, uma vez que não será necessário produzir calor para o plantio da semente.
A palhada é a matéria orgânica formada pelos restos da planta colhida. A máquina colhedora retira a planta da terra e separa os grãos. Os galhos, folhas e raízes são triturados e pulverizados de volta ao solo. O processo todo ocorre simultaneamente.
Os benefícios de uma boa cobertura de palhada:
Dessa forma, minimiza ou elimina a chance de ocorrência de erosão.
A formação da palhada para cobertura depende de fatores como:
O processo pode levar até dez anos.
A rotação de culturas é a alternância planejada de espécies em uma mesma área de cultivo. Sendo assim, há um período mínimo sem o cultivo da mesma espécie.
Essa é uma forma eficiente de reduzir os impactos ambientais provocados pela monocultura, melhorando as condições físico-químicas e biológicas do solo no longo prazo.
Além disso, a rotação de culturas reduz a incidência de doenças, plantas daninhas e pragas (favorecendo a quebra do ciclo de vida delas).
Intercalar o plantio de soja-algodão-soja ou soja-milho-soja não é fazer rotação, mas sim uma sucessão de culturas. Sucessão é a sequência repetitiva de culturas cultivadas na mesma área e em estações diferentes, mas em um mesmo ano agrícola.
Em outras palavras, nem toda sucessão é uma rotação de culturas, mas a rotação é sempre uma disposição de culturas em sucessão.
Por definição, a sucessão de culturas não implica a alternância regular e ordenada de espécies, algo imprescindível na rotação.
A adoção do plantio direto traz benefícios agrícolas, econômicos e ambientais para a sociedade como um todo: produção sustentável de grãos, geração de emprego e renda. Veja alguns benefícios do sistema, segundo o Livro Sistema de Plantio Direto, da Embrapa:
O sistema tem ganhado cada vez mais espaço por conta de seus benefícios. Mas é importante lembrar que o produtor deve seguir todos os procedimentos padrões indicados pelo SPD.
Para implantar o Sistema de Plantio Direto, o produtor deve:
Diferentemente do Sistema de Plantio Direto, no sistema convencional de cultivo é feito, ano após ano, o revolvimento da terra. O solo fica exposto até o estabelecimento da cultura que será plantada. Veja o passo a passo da comparação dos dois sistemas:
Foi um agricultor catarinense, Herbert Bartz, que implantou, na década de 70 o Sistema de Plantio Direto no País. O agricultor aplicou na sua propriedade em Rolândia, no norte do Paraná, a técnica aprendida nos Estados Unidos.
O objetivo era amenizar os efeitos da erosão causada pelo grande volume de chuvas na região. Assim, as camadas férteis eram levadas pelas chuvas causando o assoreamento dos rios. Com o tempo, o precursor do SPD viu a rentabilidade aumentar e os gastos com defensivos e combustível diminuir.
No final da década de 1980 houve a expansão do uso do SPD na Região Sul. Com a chegada de máquinas semeadoras para realizar o corte da palha e depositar as sementes no solo sem revolvê-lo, o sistema ganhou força e outras regiões.
Hoje o plantio direto representa 19% dos sistemas de preparo do solo adotados pelos agricultores no Brasil. O mais usado é o cultivo convencional (45%), seguido do cultivo mínimo (36%). O dado preliminar é do Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Embrapa Solos, Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação.